A Descoberta da Bioeletricidade:

O Campo Progride

Renato M.E. Sabbatini, PhD

Na segunda metade do século XIX, as neurociências continuavam a avançar em rápidos passos, alimentadas pelas premissas básicas da biofísica, a nova união interdisciplinar soldada pelos reducionistas da ciência experimental, assim como pela neuroanatomia.

In 1869, Otto Friedrich Karl Deiters propôs que as células nervosas tinham dois tipos diferentes de processos ramificados: os dendritos e os axônios ( estes termos, no entanto, foram criados apenas mais tarde:  "dendrito" in 1889, por Wilhelm His; "neurônio" em1891, por Wilhelm von Waldeyer e "axônio" em 1896, por Rudolph Albert von Kolliker. Os avanços nessa área culminaram com a chamada Doutrina Neuronal, estabelecida como o resultado do notável trabalho realizado por dois anatomistas: o espanhol Santiago Ramon y Cajal (1852-1934) e o italiano Camillo Golgi (1843-1926), os quais dividiram entre si o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1906.

Camilo S. Golgi

Santiago Ramon y Cajal

Em eletrofisiologia, o alemão Julius Bernstein (1839-1917) fez um grande número de contribuições ao entendimento de como as membranas das células nervosas são polarizadas e como se despolarizam durante o potencial de ação (um termo criado por ele). Ele propôs, ao redor de 1870 a teoria aceita até hoje de que a membrana do neurônio e da fibra muscular são polarizadas eletricamente mesmo quando inativas, com a superfície externa positiva em relação à interna, e que o potencial de ação é uma despolarização auto-propagada da despolarização da membrana.

Na última parte do século XIX, foram feitos grandes avan''cos na medida do decurso temporal e das variações elétricas precisas durante os potenciais bioelétricos. O fisiologista americano H. P. Bowditch (1840-1911) determinou que o potencial de ação do músculo é um fenômeno tudo-ou-nada (ou seja, se a instensidade de estimulação atinge um limiar mínimo, ele ocorre, com intensidade independente da estimulação, caso contrário, não ocorre).  Francis Gotch (1853-1913) descobriu o mesmo para o potencial de ação do nervo.

Herbert S. Gasser

Joseph Erlanger

Edgard D. Adrian

No entanto, foi a invenção do osciloscópio de tubo de raios catódicos que foi usado brilhantemente pelos fisiologistas americanos e nobelistas de 1944, Herbert Spencer Gasser (1888-1963) e Joseph Erlanger (1874-1965) que as portas se abriram para pesquisas tecnicamente sofisticadas sobre a eletrofisiologia dos nervos e dos músculos, a partir de seu trabalho clássico de 1922, intitulado "A study of the action currents of nerve with a cathode ray oscillograph" (Journal of Physiology, London, 62: 496). Com essas técnicas, o decurso temporal preciso do potencial de ação, seu período refratário, as respostas locais gradativas (potenciais eletrotônicos) e a natureza iönica das respostas tudo-ou-nada foram demostradas por eles e por muitos outros cientistas, tais como Edgard D. Adrian (1889-1977), que também ganhou o prêmio Nobel (1932). Erlanger e Gasser também foram os primeiros a demonstrar a existência de vários tipos de fibras nervosas, que podem ser classificadas de acordo com sua velocidade.


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A descoberta da Bioeletricidade
Renato M.E. Sabbatini
Revista Cérebro & Mente 2(6), Junho/Agosto 1998

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Núcleo de Informática Biomédica